Acompanhar as sanções em constante mudança e outros riscos em toda a cadeia de suprimentos pesará muito nas organizações em 2023
Embora o mundo finalmente tenha saído dos dias sombrios da pandemia, 2022 teve seus desafios. O conflito na Ucrânia, a inflação e as sanções em constante mudança impactaram organizações em todo o mundo. Abaixo estão as previsões da LexisNexis Risk Solutions para as principais tendências de compliance de crimes financeiros a serem observadas em 2023.
1) O custo do compliance não mostra sinais de diminuir
O volume crescente de fraudes combinado com o aumento dos custos de pessoal, o aumento das transações, as mudanças regulatórias em andamento e o crescente número e complexidade das sanções criaram uma tempestade perfeita. Como resultado, o custo global do compliance de crimes financeiros atingiu o patamar de US$ 274 bilhões em 2022, contra US$ 213,9 bilhões em 2020, segundo o relatório “O Real Custo do Compliance Contra Crimes Financeiros, da LexisNexis Risk Solutions. Espera-se que os custos continuem aumentando em 2023.
- Em 2022, 62% das instituições financeiras relataram um aumento nas fraudes e crimes financeiros
- Cerca de 58% relataram um aumento no custo de transações fraudulentas
- Um grande banco gasta em média US$ 1 bilhão por ano tentando combater a lavagem de dinheiro e crimes associados.
2) Compliance de crimes financeiros e fraude avançam em direção à integração
Compliance de crimes financeiros e fraudes têm tradicionalmente operado como silos de negócios separados. Enquanto as equipes de compliance de crimes financeiros se concentram em cumprir sanções, combate à lavagem de dinheiro e outros requisitos regulatórios, os departamentos de fraude têm a tarefa de identificar e investigar fraudes reais e potenciais. Agora os dois estão convergindo.
Espere que FRAML (sigla em inglês para fraude + combate à lavagem de dinheiro) seja a nova palavra de ordem entre as instituições financeiras em 2023 e nos próximos anos.
Benefícios da integração FRAML:
- O alinhamento de funções e processos proporciona economia final de custos
- Maior agilidade na resposta a ameaças emergentes
- O compartilhamento de dados melhora a avaliação de riscos
- Compliance regulatório mais forte minimiza multas
- Eficiência operacional e fluxo de trabalho aprimorados
3) A supervisão regulatória aumenta o foco nas cadeias de suprimentos globais
As cadeias de suprimentos atravessam todos os cantos do mundo, expondo instituições financeiras e empresas de todos os portes a uma série de riscos. As organizações precisam examinar toda a sua cadeia de suprimentos – incluindo fornecedores terceirizados – para evitar violações de sanções, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, abusos dos direitos humanos e outros crimes.
Acompanhar as sanções em constante mudança e outros riscos em toda a cadeia de suprimentos pesará muito nas organizações em 2023.
Atividade de sanções globais:
- No primeiro semestre de 2021 foram adicionadas 614 designações líquidas, número que saltou para 3.854 no primeiro semestre de 2022
- No primeiro semestre de 2021 foram feitas 109 atualizações nas listas da ONU, OFAC, UE, OFSI (Reino Unido); no primeiro semestre de 2022 essas atualizações somaram 193
Em 2016, os EUA introduziram o Global Magnitsky Act, tornando-se o primeiro grande país a implementar um programa de sanções temáticas que visa violações de direitos humanos e corrupção onde quer que ocorra.
Desde então, o Reino Unido, a UE, o Canadá, a Lituânia, a Austrália e outras jurisdições seguiram os EUA com seus próprios regulamentos semelhantes aos de Magnitsky.
4) Uma confluência de fatores impulsiona a necessidade de uma triagem mais rápida
2022 viu um aumento na atividade regulatória com listas de observação atualizadas em uma velocidade sem precedentes. Ao mesmo tempo, a adoção constante de sistemas de pagamento instantâneos e em tempo real em todo o mundo está aumentando em conjunto com as expectativas dos consumidores de pagamentos em tempo real. À medida que 2023 se desenrola, a triagem rápida e contínua e o monitoramento contínuo nunca foram tão críticos para proteger consumidores e empresas contra crimes financeiros.
5) KYC e contrapartes financeiras estão no centro das atenções
O Panama Papers e casos de alto perfil semelhantes expuseram a necessidade de transparência, colocando os beneficiários efetivos no centro das atenções. Mas uma recente decisão judicial levou vários países da UE a fechar o acesso público aos registros de propriedade efetiva – um retrocesso significativo para a transparência.
O fechamento do acesso público tornará a verificação de contrapartes, clientes e relacionamentos com terceiros ainda mais difícil para os analistas de KYC (sigla em inglês para “Conheça Seu Cliente”), que já estão sobrecarregados com cargas de trabalho pesadas e lutando com o aumento da regulamentação e dos relacionamentos globais com as contrapartes. Com a expectativa de mais restrições, as organizações devem desenvolver uma estratégia de dados alternativa para obter informações sobre o beneficiário final (UBO, na sigla em inglês) em 2023.
Um beneficiário final (UBO) é a pessoa física que não é registrada como acionista, mas que possui ou controla 10-25% (varia de acordo com a jurisdição) do capital ou direitos de voto na entidade subjacente.
6) A automação do compliance comercial global ganha força
O setor de financiamento comercial, que há muito tempo é um sólido bastião de documentação em papel e verificações manuais quando se trata de compliance, está finalmente mostrando sinais de mudança. Os reguladores estão aumentando as pressões na supervisão como resultado do aumento da lavagem de dinheiro com base no comércio, mudança de sanções e aumento dos riscos da cadeia de suprimentos. Esses fatores são o presságio de uma adoção acelerada da automação para o comércio global em 2023.
O compliance comercial permanece altamente manual entre bancos (64%), empresas (71%) e instituições financeiras não bancárias (45%) segundo pesquisa da LexisNexis Risk Solutions com profissionais de compliance conduzida em 2021.
7) Um banco de talentos restrito torna a contratação de profissionais experientes mais desafiadora
A “Grande Renúncia”, movimento de profissionais abandonando o trabalho que começou em 2021 em várias partes do mundo, provavelmente continuará ao longo de 2023. De fato, vários especialistas preveem que será permanente. Isso significa que a competição por talentos continuará intensa, tornando difícil para as instituições financeiras encontrar e contratar profissionais de compliance qualificados.
As instituições devem desviar o foco de contratar mais funcionários para investir em tecnologia – usando a automação para trabalhar de maneira mais inteligente, de modo que o pessoal possa evoluir na qualificação para além das tarefas corriqueiras do dia a dia.
Instituições financeiras que alocam uma parcela maior de seu orçamento de Compliance de Crimes Financeiros para tecnologia, em vez de mão-de-obra, apresentam aumentos anuais menores nos custos de compliance e nos desafios operacionais.
Fonte:
https://www.securityreport.com.br/overview/compliance-de-crimes-financeiros-7-tendencias-para-2023/#.Y-ulDHbMLIW